Dez servidoras da Câmara de Vereadores de Penha assinaram uma carta aberta denunciando uma série de condutas que classificam como assédio moral e abuso de poder por parte da vereadora Emanoelly Rodrigues Silva, conhecida como Manu da Adote Penha (PP). Segundo o documento, a parlamentar estaria promovendo constrangimentos reiterados, exigências abusivas, filmagens não autorizadas, exposição pública nas redes sociais e desrespeito sistemático à jornada de trabalho das funcionárias da casa legislativa.
A carta, tornada pública por iniciativa das próprias servidoras, descreve um ambiente de trabalho marcado por pressão psicológica, vigilância indevida e comportamentos que teriam causado impactos diretos na saúde emocional e no bem-estar das profissionais. “Temos sido alvo de assédio moral sistemático, uma prática que se caracteriza por ações repetidas e intencionais de humilhação, constrangimento e desqualificação”, diz o texto.
Entre os episódios citados, as funcionárias apontam que a vereadora grava vídeos com frequência nas dependências da Câmara, sem qualquer autorização, incluindo ambientes internos e postos de trabalho, o que estaria violando a privacidade dos servidores e comprometendo a rotina institucional. Essas imagens, segundo a denúncia, são utilizadas nas redes sociais da parlamentar com teor depreciativo sobre o trabalho dos servidores.
Outro ponto sensível diz respeito às demandas feitas fora do horário de expediente. Conforme a carta, a vereadora envia mensagens e faz ligações cobrando providências fora do turno de trabalho, desconsiderando os limites funcionais e pessoais das servidoras. “Isso tem causado desconforto, estresse e esgotamento emocional”, relatam.
As servidoras ainda afirmam que Emanoelly adota uma postura mais agressiva com mulheres, o que, segundo elas, configura violência de gênero. “A abordagem é mais agressiva e desrespeitosa com as mulheres servidoras da casa”, escreveram.
A carta também critica o uso excessivo de instrumentos legislativos, como ofícios, memorandos e emendas, que teriam sido produzidos de forma massiva com o apoio de ferramentas de inteligência artificial. Segundo as signatárias, somente entre janeiro e março deste ano, a vereadora teria protocolado mais documentos que toda a produção da Câmara ao longo de 2024.
Como forma de enfrentamento, as servidoras exigem a imediata interrupção das filmagens sem consentimento, exclusão dos conteúdos já publicados, cessação das postagens ofensivas, respeito aos horários de trabalho e abertura de procedimentos por parte da Mesa Diretora para apurar as denúncias.
“Este é um ato de resistência e de busca por justiça. Não estamos sozinhas. Temos o apoio de nossos colegas e da população que acredita em um ambiente de trabalho saudável e livre de abusos”, finaliza o documento.
O que diz a vereadora
A vereadora Emanoelly Rodrigues, em nota, afirmou que a carta divulgada pelas servidoras da Câmara de Penha é ilegal e desrespeita os princípios do contraditório e da ampla defesa. Segundo ela, o documento não seguiu os trâmites regimentais nem foi analisado por comissões internas, sendo divulgado sem que tivesse a chance de se manifestar.
A parlamentar classificou as acusações como ofensivas à sua honra, passíveis de responsabilização judicial, e disse que está avaliando medidas legais. Também alegou perseguição política por parte da Mesa Diretora, que teria ignorado mais de 13 pedidos oficiais feitos por ela à Procuradoria da Mulher. Por fim, reforçou que continuará exercendo seu mandato com base na legalidade e no respeito à democracia.
Confira a íntegra da carta das servidoras sobre as condutas da vereadora